Aproxima-se o dia das eleições legislativas e eu inquieto-me. Mais do que cumprir um dever cívico e exercer um direito, queria muito que o meu dedo pudesse, também, apontar numa direcção concreta.
Tenho estado atenta aos debates e procurei os programas eleitorais para que possa estruturar a minha escolha da forma mais conscenciosa e responsável possível. A bem da verdade, não gosto de política. Soa-me demasiado a falso, demasiado a incompetência, ganância, corrupção e incoerência. Sempre me pareceu um palco em que os actores encarnam, forçosamente, o papel de adversários ferozes e desatam a criticar tudo o que venha da oposição, esquecendo-se do bem comum, o objectivo maior, o real interesse do País. Mas a democracia é um privilégio demasiado precioso para ser desperdiçado e há que honrá-la.
O parco leque de escolhas torna a tarefa árdua. O conservadorismo, a desconfiança, a falsidade, o irrealismo, o radicalismo. O facto de termos de confiar em alguém que sabemos estar a assumir um papel: o de defender acerrimamente a sua posição, qual gladiador que se debate num combate mortal e tudo fará, tudo dirá para sair ileso. Antes de qualquer outra questão, creio que é disto que se trata quando se está em campanha eleitoral. Talvez mesmo antes das ideologias, dos valores. Em campanha, interessa vencer. E isto parece-me perigoso.
Por tudo o que é e pelo que deveria ser, ocorre-me muito a célebre "With great power comes great responsibility".