quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Felicidade e outras considerações vãs

A felicidade sempre me pareceu uma miragem, uma utopia, um milagre. A felicidade plena, a tempo inteiro, aborrecida e monótona. Não creio que exista. Sempre acreditei em momentos felizes, vislumbres de felicidade que fazem com que tudo o resto ganhe valor e sentido. A felicidade é, para mim, isso mesmo, um vislumbre. Real é a perseguição de um objectivo, é querer alcançar um momento feliz. E ter vários, simultâneos, vivê-los sempre, porque para nós basta e, no geral, é o suficiente para que sejamos felizes. Mas há sempre qualquer coisa que falta e que poderia tornar tudo melhor. E é nessa plenitude que não acredito e cuja inexistência creio ser até saudável.
A coragem para perseguir os momentos felizes, os que poderão oferecer-nos a sensação generalizada de felicidade, é dos elementos mais determinantes da nossa existência. É tão mais fácil cair na inércia, entregarmo-nos ao comodismo e, recostados no sofá, observarmos a vida a seguir o seu curso, isentos de responsabilidade, de risco, de ar. Não há ar fresco na cara, nem chuva a cair, nem sol a brilhar, tudo acontece porque sim. A segurança (ou a ilusão de que existe) pode ser um presente envenenado. A grande dificuldade, a par da coragem para quebrar o ciclo vicioso, é a capacidade de distinguir o real do imaginário. A verdade da mentira, a fase má da menos boa, a direcção certa da errada. A grande frustração, é que a vida é só uma. E tão pouco o tempo para decidir o que de melhor fazer com ela.

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